No coração da capital mineira, está localizada a majestosa e imponente Igreja São José, local por onde passam diversas pessoas durante todo o dia, em busca de um refúgio em meio ao caos próprio da cidade grande. Este espaço religioso guarda consigo inúmeros marcos importantes, não só para os fiéis católicos, mas também para boa parte do povo que circula por aquela região ou que, um dia, por ali passou. Com isso, ao longo deste texto, iremos conhecer um pouco sobre a história do Santuário Arquidiocesano São José e seus guardiões, os Missionários Redentoristas.
Chegada dos Missionários Redentoristas a Belo Horizonte
Belo Horizonte foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897. Ainda em 1900, a cidade contava apenas com a Paróquia da Boa Viagem e um padre, situação que já preocupava o então bispo, Dom Silvério Gomes Pimenta (1840-1922). Neste sentido, vale destacar que a Diocese de Belo Horizonte só foi criada em 1921, ou seja, o local da futura fundação dos filhos de Santo Afonso ainda estava localizado no território da imensa Arquidiocese de Mariana.
Inicialmente, não estava nos planos dos redentoristas holandeses aceitarem uma fundação em Belo Horizonte, mas, após a tentativa de se fixarem em São João Del Rei não obter sucesso, os Padres Pedro Beks e Francisco Lohmeyer chegaram em caráter definitivo à nova capital mineira em 23 de janeiro de 1900. Mais tarde, no dia 26 de janeiro do mesmo ano, chegaram para compor a comunidade o Padre Afonso Matysen e os Irmãos Felipe Winter e Doroteu Van Lent, de modo que os religiosos moraram em residências provisórias até a construção do atual convento.

Nascia uma paróquia
Após as tratativas sobre o futuro território da Paróquia São José, mas ainda sem uma matriz, os redentoristas iniciaram seu apostolado na Capela do Rosário em 28 de janeiro de 1900. Dessa forma, em 2 de fevereiro, o padre Pedro Beks tomou posse como o primeiro pároco da segunda paróquia do povo belo-horizontino.
A construção do templo iniciou-se em 1902, tendo como arquiteto Edgar Nascentes Coelho. Todavia, o condutor das obras foi o Ir. Gregório Mulders, famoso construtor de igrejas em vários lugares do território nacional; mas, devido à sua transferência para o Rio de Janeiro em 1904, o Ir. Werenfrido Vogels assumiu as obras até seu término em 1910.
Ademais, as obras do convento começaram em 21 de abril de 1902, um dia após a colocação da pedra fundamental da igreja. Assim sendo, a mudança da comunidade para a nova residência ocorreu em 9 de dezembro de 1902, mesmo com as obras inacabadas.

Traços artísticos

Em 1910, começaram as pinturas no interior do templo, sendo Guilherme Schumacher o artista responsável. O mestre executou os trabalhos na seguinte ordem: capelas laterais, presbitério e nave central. No final de 1912, toda a pintura interna já estava concluída. Os trabalhos artísticos externos também foram de autoria do mesmo pintor, mas, em 1928, toda a igreja foi coberta por uma camada de tinta bege, encobrindo a originalidade da obra. No entanto, com os trabalhos de restauração realizados na Igreja de São José de 2010 a 2018, foi possível trazer novamente à contemplação da população as magníficas obras de arte de um dos cartões-postais de Belo Horizonte.
No altar-mor da igreja, havia uma antiga imagem de madeira de São José, que atualmente se encontra dentro do convento. A atual estátua do padroeiro da paróquia foi entronizada em 2 de dezembro de 1932, sendo talhada em mármore pelo escultor paulista Marino de Faneso, pesando 789 kg.
Catedral provisória
Com a criação da Diocese de Belo Horizonte, em 1921, foi na Igreja de São José que o novo bispo, Dom Antônio dos Santos Cabral (1884–1967), foi recepcionado, pois as obras da Igreja da Boa Viagem (que funcionou como catedral de 1923 a 2021) ainda não estavam concluídas. Assim, o bispo nomeou o templo como catedral provisória, funcionando assim durante dois anos.
Chegou-se a cogitar a possibilidade de transformá-la definitivamente em Catedral diocesana. Em 1922, os sacerdotes Redentoristas, seus guardiões, ofereceram a Dom Cabral a igreja e a casa, com as seguintes condições: “1º o Bispo deveria comprar a nossa casa junto com o terreno do nosso jardim; 2º com a venda se adquiriria um terreno no bairro da Floresta junto à Igreja que os próprios redentoristas já estavam construindo […].” (LEITE, 1990, p. 104). Após analisar, Dom Cabral desistiu da proposta. Dentre os motivos, estaria o fato de não dispor de dinheiro suficiente para finalizar a compra.
Santuário Arquidiocesano
Por ocasião do “Ano de São José” e do centenário de criação da Arquidiocese de Belo Horizonte, o Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em celebração solene, elevou a matriz a condição de Santuário Arquidiocesano de São José no dia 29 de junho de 2021.

Referências
• COELHO, Bruno Alves. A Província do Rio de Janeiro: uma história de ousadia e fé. 1. Ed. Juiz de Fora, 2023.
• LEITE, João Batista Boaventura. São José 90 anos. Belo Horizonte: Expressa Artes Gráficas, 1990.
• REIS, Flávia Costa. Igreja Matriz de São José – Belo Horizonte. Arquidiocese de Belo Horizonte, 15 de abr. de 2021. Disponível em: https://arquidiocesebh.org.br/noticias/igreja-matriz-de-sao-jose-belo-horizonte/. Acesso em: 01 de nov. de 2024.
• REIS, Flávia Costa; JÚNIOR, Hebert Gerson Soares. Antiga Sé da Boa Viagem – A primeira Catedral de Belo Horizonte. Arquidiocese de Belo Horizonte, 15 de abr. de 2021. Disponível em: https://arquidiocesebh.org.br/noticias/antiga-se-da-boa-viagem-a-primeira-catedral-de-belo-horizonte/. Acesso em 01 de nov. de 2021.
Autor: Seminarista Luís Felipe de Oliveira Ferraz
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